quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Carta de despedida ao diabo

 


Assim foi nosso carnaval. O beijo quente que não te dei, os carinhos que não recebi e a consideração que foi rasgada dia após dia, entre uma e outra tentativa, se transformaram no inferno .

Eu mesma peguei o ônibus, dirigi pelo caminho, transportei passageiros tão loucos quanto eu na traseira.

Todos apaixonados, principalmente eu, lógico, porque meu sobrenome é paixão, porque a paixão era o combustível que me movia, porque a paixão eu produzia de graça e abastecia a longa viagem com ela.

No entanto, cega, ardendo de prazer e dor e me deliciando neste inferno, neste eterno carnaval eu vi os dias passarem e eu, eu mesma me cansar da estagnação.

Devo agradecer a mim mesma? Te dizer muito obrigada? Não. Apenas me afasto com alegria, te olho nos olhos e te respeito.

Não vou mais abastecer este combustível, não prossigo mais a viagem. Será bom pra mim, por certo, a você espero que o seja também.


Espero esbarrar contigo 5 dias, de folia, em 365 , mais do que isso minha coluna dói, minha saúde mental grita, meu colesterol aumenta e eu fico pesada .


Agradeço a mim por ter sido maravilhosa e agradeço a você por ter, com seu espelho refletido isso .

Diabo bobo,

Você não é cruel. É apenas brincalhão.

Dou-lhe um beijo na bochecha e salto do ônibus deixando os passageiros a esmo.

Por certo, outro alguém tomará o volante.

Desejo que façam uma boa viagem! 

Com amor e sem paixão,


Wendy Loyola

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Alagamentos

Águas e mágoas precisam escoar
E se não, é necessário desentupir os canos
tristezas alagam a mente
Ao menos que saiam de um ouvido e entrem no outro
Na vida é cada um carregando seus pesos
Mas quem se agarra demais a águas passadas
Cria alagamentos na alma
Trombos, coágulos, pedras antigas que se deslocam, cascalhos.
Lixos sedimentados entopem os canos
Veja, agora devagar, mas está escoando
É tempo de renovar os encanamentos
Desentupir os buracos
Perdoar os olhos que se grudam em nosso casaco
Carrapichos, imãs, bichos
É tudo coisa vulnerável
Permitir que algumas coisas fiquem
E outras passem rápido
Organizar uma prateleira de perdão e distribuir...
É mais importante que armazenar mágoas mofadas
A vida é curta, não se pertence a este lugar aqui 
Daqui não se leva nada 
Por isso eu digo que vá, como pluma voando no vento
Não vou segurar, nem prender, nem manipular , nem usar chicotes mentais para punir
Todo mundo tem o direito de ir e vir...
Águas passadas não movem moinhos

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Algemas

 Mesmo que eu não tivesse ninguém

Aprendi jovem e com Nina Simone na escola do Jazz

Que eu teria a mim mesma

Se a única coisa que você tem pra me oferecer são correntes

Não consinto...

E foi se o tempo que eu era obrigada


Porque se minha história marcada na minha pele já diz muito

Minhas mãos hoje se mostram calejadas.

Não consinto suas algemas

E pela força de minhas guianças

Quem as oferece a mim

É que esteja de mãos atadas 


sábado, 3 de dezembro de 2022

O corpo oculto

Guardei aquele corpo na geladeira por mais de 10 anos. Tive pena de enterrar .
Algumas vezes o tirei imóvel do freezer para bater um papo. Inútil, já estava morto.
Não sou boa em criometria.
A tanatologia me perdoe, mas certa feita, joguei um jarro de água fervendo sob o corpo. Prosseguiu morto feito uma bruxaria.
Não tenho medo de mortos e nem da morte, abanei meu leque quando o vapor subiu, se calefando ao encontrar o cadáver.

Tirei o corpo do armário, novamente. Sim, um prazer estranho, como um poema de Álvares de Azevedo o poeta maldito. Porém sem a necrofilia. Sou sádica, meu negócio é necrotortura ( rs).

Abanei o leque. 
A bruxa.
A coruja. 
Os feitiços de silenciamentos...
Botei na mesa e jantei todos , mas esperei uma semana pela sobremesa. 
Que, devo contar, estava divina.
Cheia de compaixão e ternura da minha parte.
Lambendo os dedos, penso: como tenho saudades de mim! Como fui legal esses anos! Como criei momentos felizes! E choro da minha própria saudade, um choro alegre e esperançoso pelos próximos momentos felizes que virão.

Ah! Eu havia esquecido do corpo. 
Está jogado no sofá da sala. 
Agora cospe fel pela boca, independente do mel de outrora.
Morto assim, até parece que já foi vivo.
Teria vindo do mundo dos gelados?
A única maneira de não ter medo de Serial Killer é ser um.
Mas ora, vamos por o pingo nos is. Nada tenho com a morte deste corpo.
Apenas com tentativas inúteis de ressuscita-lo.
Inúteis. Eu disse inúteis?
Agora mostra a verdadeira face, o veneno que sobrou.
Só Tanatos explica...
Sinto asco. Preciso me livrar desse corpo invejoso, confuso, danoso.
Porque mesmo morto ele me olha...
Não sinto culpa pois não sou a assassina..
Não choro porque não sou a carpideira.
Cavo uma cova profunda de dez metros, avidamente, rapidamente, a pá é macia porque minhas mãos calejadas amortecem.
Não observo o corpo pela última vez pois tenho pressa de jogar terra sob e concreta-lo. 
Incrível como 10 anos depois eu tenho pressa. 
É que o corpo não está mais congelado. Mostra sinais de putrefação. 
E como é podre, meu Deus. 

Acho que cavei 20 metros. O corpo foi arremessado e a sensação de alívio ao ouvi-lo cair no fundo foi imediata. 
Fim do odor
Fim do mal estar 
Terra por cima , concreto firme , pronto. 
Um experimento que não deu certo.
Anoto para não congelar mais corpos pela próxima vez.
Esse corpo me ensinou algo.
Acho que o agradeci. Foi parte da sobremesa.
Olhei o relógio já era meio dia, fui me ter com corpos vivos.
E como disse Pessoa, fui ser selvagem por entre árvores e esquecimentos. 

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Goodbye Hello

 Não naturalizo despedidas, disse outro dia a meu irmão. 

Logo eu que migrei da terra onde nasci tão cedo. E sendo do sertão enquanto identidade política e geográfica não naturalizo a secura das relações.

Porém não estou sofrendo por quem não me ama. Não revindico afeto de quem não tem para dar.

Repito, minha identidade política não é a seca, pois sendo do grande sertão das veredas, nesta travessia corre fartura. 

De afeto, trocas , sentimentos, desejos 

Diferente do samba suicida, interpretado pelo grupo revelação que diz " Eu não tenho nada a pedir , também não tenho nada a dar, por isso é que eu quero me mandar"


Digo que tenho muito para dar e também pedir. 

Tenho ambições muito além de conforto básico econômico, paz , saúde, um pouco de brilho.

Tenho muito a pedir e muito a dar, nesse potencial que segue renascendo após cada chuva, dando flores que seguem em busca do sol, de completarem seu ciclo.


Mas não sou flor, sou mulher de carne, osso e músculos. 

Meus desejos seguem modulados pela realidade, incapacidade de realizar todos a uma só vez.

Mas pela luta de realizar alguns, passo a passo e fazer alguma diferença.


Enfim o início de novas jornadas, de novos encontros, de celebrar as coisas que envelhecem e ficam melhores como o vinho, de varrer folhas antigas e saudá-las porque já foram verdes.

De se libertar da culpa que não edifica e que se transforma em autosabotagem e tristeza. De arrancar essa culpa, com cuidado para o que sobrar dela possa estancar com tranquilidade.


Eu não sou culpada. Eu sou um ser humano e como qualquer outro, tenho direito de errar, de aprender, de desistir, de prosseguir, de escolher, de mudar.



É lindo flertar com a elegância, com a compaixão e com a ternura...


Se é para que coisas sigam para que outras cheguem que seja sob saudações, palmas ao senhor dos caminhos, palmas às almas de mulheres, saudações às suas lutas, vitórias, conquistas.... Sem invejar delas a boa sorte. 

Afinal, esse é o principal sentido de viver ubuntu.

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Com a morte não se brinca

 Eu acho o fim do mundo comemorar morte. 

Não é moralismo. É respeito que tenho pela morte enquanto entidade de muita força.

Passaremos uma eternidade mortos... Vivos, com sorte , um século.

Não entendo comemorar a morte de um mal feitor. Eu inclusive achava que era crime de vilipêndio...

Mas tem gente que tem intimidade com a morte. Vivi pra ver a existência de carpideiras. 

Já prestei serviço para coveiros quando era publicitária. No caso, a amante do coveiro , exausta de ser amante , pediu para instalar uma faixa se declarando . Onde? No cemitério.

Respondi que não iamos fazer o serviço. O motivo não é nada moralista, apenas eu achava  que os mortos não tinham nada a ver com a vida sexual do coveiro.

Com a morte não se deveria brincar. 

Morte de amigos, morte de inimigos 

Na mitologia Iorubá o Orixá da morte e das doenças se saúda com " Atotô",  que significa silêncio.

terça-feira, 22 de novembro de 2022

A música e eu

 Ler autores negros e indígenas é fundamental pra mim. 

E penso que é um direito. 

Me descansa dos meus cansaços .

Ler texto e também partitura. 


No piano, minha formação no Conservatório Estadual Lorenzo Fernandes foi voltada para músicos clássicos, muitos dos quais europeus. Formação pela qual sou enormemente grata pois me trouxe o amor pela música. 

Eu era criança, tocava bem o minueto em sol maior do Bach, ou algum noturno do Chopin, mas me interessei muito por Chiquinha Gonzaga, que era filha de escravos e a globo embranqueceu na série. Eu não sabia.

Tocava Jazz? Sim, mas não se falava em racismo. Era proibido. 

Racismo era um assunto proibido no Brasil, dito pelas metades.

Quando ouvi Nina Simone a primeira vez foi como se tivessem me escondido algo precioso. Já tinha mais de 20 anos.

Fiquei fanática por Mozart aos 13, aos 15 descobri Billie Holiday e o que eu senti foi tão forte que eu quis abandonar o instrumento.

Eu não queria mais tocar clássicos. 

Às vezes desistir é procurar um lugar de liberdade.

Lembro que minha irmã chegou com uma partitura de " Luar do sertão", ali com certeza havia outra dimensão política, saudar o luar da própria terra...

Lembro da morte do Tom Jobim,  pra mim foi um grande impacto.

Meu padrinho tocava bossa, me apresentou Novos Baianos , eu achei o chique do chique, uma explosão de sons. 

Minha mãe adorava Vinícius de Moraes por isso eu o ouvia desde os 4 anos. 

Tive um namorado que tocava piano e o álbum de Elis e Tom marcou essa época. Às vezes

E quando o relacionamento terminou eu criei a gíria " Estou igual Elis Atrás da Porta" em referência a uma canção tristíssima. 


 tocávamos juntos.

O rock me ajudou a superar essa fase. Dos Mutantes aos Beatles, a Chuck Berry, a Jimmy Hendrix. Grata surpresa foi descobrir que quem criou o rock foi uma mulher preta e gorda: Sister Rosetta.

Mas raça, vi em Jair Rodrigues cantando Lamento Sertanejo, talvez Disparada...sem fazer menção diretamente. São canções políticas, falam de classe, falam de desejo de liberdade.

E o samba chegou depois.... O samba chegou ou sempre esteve? 

Eu adorava Martinho da Vila desde muito cedo. Mas achava que música era algo pra executar corretamente apenas...

Voltei nos afrossambas. A descoberta de Baden Powell foi de uma alegria imensa. Um momento eufórico de minha vida. 

E digo euforia no sentido exato, havia uma melancolia pelo apagamento de Baden. 

Quando descobri Dona Ivone Lara , Clementina de Jesus e Jovelina Pérola Negra foi como sair do citoplasma e ir pro núcleo.

Provavelmente os sentimentos de Mozart não eram os mesmos dos meus.

Embora alguns sentimentos sejam universais, a alegria, o luto e até a luta

As dimensões políticas são diferentes.

Assim tenho retomado o piano, refletindo sobre essas coisas...

Não é uma retomada solitária, minha filha está comigo ( tocando) e meu companheiro como ouvinte e incentivador. 

E até uma vizinha veio me abordar ontem dizendo que me ouviu no piano e me convidando pra tocar na igreja.

Pensei em recusar mas aí lembrei de Aretha Franklin. 

Vamos, uai. rs

domingo, 20 de novembro de 2022

27 de novembro

 Sempre agradeço às forças superiores

às forças sagradas em novembro

Um mês onde, no mesmo dia, repetidamente

Sofremos acidentes graves 

Um deles foi um acidente de carro grave, que capotou várias vezes e outro foi um acidente na construção onde minha filha caiu de uma laje enquanto minha mãe a acompanhava ( minha mãe tem baixa visão de um olho, limpava os óculos quando ela caiu) .

Por sorte minha mãe estava aqui ( ela veio para um tratamento). 

Por sorte ela estava aqui para me dar calma para ver minha filha cair de cabeça no chão e não desmaiar junto .

Por sorte no nosso acidente de carro, ocorrido no mesmo 27 de novembro em que minha filha acidentou, não tivemos nenhum arranhão. 

Então nada importa. Eu sou feliz pela nossa vida, pela nossa oportunidade de continuar aqui e cumprir nossa missão. 

E pela oportunidade de ter a parceria da Mel, do Caio e de tanta gente que me mantém de pé. 

Atualmente estamos vivos e bem e nos cuidando...

Sofrendo apenas dessa doença chamada Brasil. Mas a minha filha sorriu porque está ansiosa pela copa. Por mais ranzinza que eu seja, não vou estragar as esperanças dela.

Sim eu sou ranzinza. 

Não , eu não era ranzinza mas fiquei. São sequelas.

Mas meu sorriso é doce, quase infantil. 

Meu sorriso é só porque como diz Santa Teresa Davila " O problema é meu mas a cara é dos outros".

Um dos ensinamentos que guardo da minha época de RCC, em Montes Claros.

Não sou tão ecumênica, eu criei uns traumas da RCC.

Mas às vezes frequento missa. 

Tenho TOC de afastar a negatividade e também alguma fé.

Que sobrevive à doença chamada Brasil. 

Gosto de ir à igreja, meu cachorro me acompanha e espera na porta.

Não ousa entrar. Meu cachorro é elegante respeita a liturgia.

E como todos aqui em casa, nunca aceitou coleira. 

Meu cachorro é quem manda nesse bairro. 

Na próxima encarnação ele vem padre. 

É isso mesmo.

Viva a vida. Viva novembro!

Viva a esperança!

Viva o nosso renascimento!

20 de novembro

 Dia da consciência negra.

Não nasci em mundo branco.

Sou cria da periferia do sertão

Periferia de um lugar geográfico que já é periférico

Numa das vielas dos Montes Claros

Uma tez muito escura me anunciou 

Que eu tinha " Cosme e Damião" ao meu lado.

Isso me protegeu, talvez me manteve na inocência

Que só foi se quebrar aos poucos, nos meus choros, nos meus lutos

Nos dias em que tive que escolher entre enlouquecer ou morrer 

Nas dores que precisei esconder

Como escondem os pacientes de tez escura no hospital

Minha consciência negra é lutar pelo direito de ser feliz sem medida

Mas também pelo direito de adoecer, sentir dor.

De poder parar e receber cuidados, no meio dessa maquinaria inteira que me quer no chão.

Pelo direito de progredir em torno das dignidades da vida

Salário justo, descanso justo, oportunidades.

Levantei de todas as rasteiras que recebi

Muitas das quais não revidei

Desnecessário fazer cair aquilo que já está no chão.

Aprendi com a ética Bantu a ter elegância na forma de me posicionar. 

E hoje estou aqui. 

Água lavou todas as minhas feridas

É na calunga que me faço banhar

Ascender com minha alma um candeeiro para as almas de meus ancestrais 

Consciência negra é capoeira, mandiga.

minha agrestidade de mulher negra do sertão 

Também é ginga

Meu ponto de defesa

Meu ponto de ataque. Reviro o mundo de cabeça para baixo para sobreviver. 

Aos meus prosperar.

Se você não me vê e não me enxerga

Também passo a não te enxergar.

Se você faz pactos narcisicos com os seus

Eu firmo trato com quem luta do meu lado.

Firmo meu trato é com a liberdade

E sigo meu caminho, de pés descalços 

Limpa, leve, livre

rumo à eternidade.

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Partilha

 Minha avó materna.

Era um poço de bondade, como são quase todas as avós. 

Mas a minha era mais. 

Alimentou um mesmo morador de rua. 

E mais um batalhão. 

Mas eu, via aquele mesmo morador de rua em sua porta diariamente, moribundo, maltrapilho, fétido, ao lado dos restos de alimentos que ele deixava, ficava enjoada, pensativa.  

Às vezes minha avó me pedia para jogar lá um balde, quando ele saia do ambiente.

Na minha cabeça de criança eu via a poluição do passeio. Na cabeça dela de ancestral cabulosa que me conduziu nesse mundo ela via necessidade de me ensinar.


" Vó, se você parar de dar comida esse morador de rua, o passeio não vai mais sujar".


Ela me chamou nesse dia, falando baixo, como fazia quando queria segredar coisas importantes:


" Kellinha, se você alimentar um morador de rua, nunca vai faltar comida na sua mesa, viu fia? Não conta pra ninguém".


Minha avó alimentava um batalhão, além de mim, meus pais porque trabalhavam perto, meu avô e muitos dos seus filhos todos os dias.


Fartura. Ela começava a assar pão de queijo às 4 da manhã. 

E tinha sempre beiju, requeijão do mercado. 

No almoço 2 tipos de legume, 2 tipos de carne ( frango ou carne de boi a quem preferisse). Macarrão... Todos os dias tinha.

E sobremesa, tinha também. Rapadura, doce de marmelo, cocada.

Arroz com pequi e carne de sol era mato. 


Eu sou farta. Meus ancestrais são fartos porque eu tenho a honra de ter a agrestidade como professora. 

E seguindo os ensinamentos da minha avó, nunca faltou nada na minha mesa.

Mas não é porque " trabalho" como dizem por aí.

Trabalhar nunca foi opção ou exclusividade.

Mas sobretudo porque partilho...

Aprendi a partilhar com todo mundo. Sobretudo com aquele que por motivo de doença física ou mental parece poluir minha porta.

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Delação (des)premiada

 Muito triste ver hj o desespero de uma mãe cujo filho lesionou a coluna cervical " de tanto manter a cabeça abaixada,  fazendo o uso do celular".


Fico triste enquanto profissional de saúde e enquanto mãe. 

São os reflexos mais imediatos da pandemia nas crianças. 

Estudos mais robustos certamente estão sendo feitos, mas observando de forma empírica e na minha própria casa, estamos tendo dificuldade com o uso excessivo de tecnologia.

Todos os dias uma luta para restringir horários.

Fui observando que antes eu precisava dar exemplo. 

Retomar algumas refeições na mesa foi uma consequência dessa observação. 

Mas não só isso.

Ver mais o céu.

Fazer caminhada e atividades físicas juntos. 

É importante dar bons exemplos. Nós pais que somos dessa geração do advento da internet , tantas vezes não refletimos sobre excessos de tecnologias.

A sabedoria dos antigos diz que tudo faz bem ou mal a depender da dose.

Fui tomar um banho de folhas no quintal, sob a árvore, entrar em contato com a natureza, fortalecer a espiritualidade, as guianças e fui delatada por vizinhos dos prédios ao arredor.

Disseram que eu estava ficando maluca, tomando banho de caneco, botando bikini em casa, tomando um sol .

O vizinho caguete disse pro meu companheiro me levar no shopping pra ver se eu sossegava.

Óia a ideia de saúde do cara " Shopping". 


Ô meu São Cristino. Né fácil não.

Carta de despedida ao diabo

  Assim foi nosso carnaval. O beijo quente que não te dei, os carinhos que não recebi e a consideração que foi rasgada dia após dia, entre u...